terça-feira, 20 de abril de 2010

Capítulo XIV - Sintonia

Como havia comentado, o quarto tinha bastante espaço. Das quatro paredes, uma de um tom escuro de azul, enquanto as outras três sustentavam a mesma brancura do teto. Alguns móveis guarneciam o ambiente: a escrivaninha marfim de Andrew, adornada com toda a sorte de livros e CDs e DVDs e miniaturas de personagens antigos; sua cama; um sofá de dois lugares, que permanecia eternamente cheia de seus pertences; dois puffs da mesma cor que a parede azul; uma guitarra preta, esquecida sem uso num dos cantos do recinto; um hack que sustentava uma televisão e, embaixo, um videogame; além de outras coisas que eu não dava muita importância.

Assim que ele deitou-se ao meu lado, a impressão que tive foi de que o quarto subitamente diminuiu de tamanho. Apesar do conjunto da obra em que estávamos inseridos fosse absolutamente normal e considerando todas as vezes que havíamos repetido aqueles atos, pude sentir que desta vez foi diferente.

O computador emitia "sinais de vida" advindos da caixinha de som, que se esmerava em sussurrar alguma música de que nós dois gostávamos.

Não pude resistir. Abracei Andrew. Senti um balão de felicidade inflar dentro de mim. Tal sensação só ele pudera me proporcionar desde que nos tornamos amigos. Sempre tive problemas em casa, e ele sempre fora o meu porto seguro, o meu refúgio das coisas chatas e monótonas do mundo. Ele me puxou para si e percebi, de alguma forma misteriosa, que ele podia ouvir o que eu pensava e que nossos pensamentos estavam em perfeita sintonia.

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