sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

São só palavras, texto, ensaio e cena

É ligeiramente cômico, traumático e absolutamente desesperador a maneira como os ciclos temporais se repetem. Não, não estou ficando louca - ao menos, não há uma loucura clinicamente diagnosticada. Por enquanto.

O caso é que dia 02 de fevereiro de 2017 foi um dos piores dias da minha vida, e tudo o que eu fiz foi ficar sentada assistindo alguém que eu amo ir embora. Eu me subestimo. Eu subestimo a minha capacidade de encantar as pessoas e não aceito direito, ou não consigo entender de maneira eficaz, o fato de elas ficarem na minha vida por conta própria. O que eu sei é que, no momento que essa pessoa estava indo embora, tudo o que eu queria é que ela não fosse. Mas eu não podia pedir por isso, não depois de dois anos de convivência. Se em dois anos eu não consegui demonstrar a importância dela na minha vida, o que eu poderia dizer ontem que iria mudar alguma coisa?

De fato, alguma palavra seria capaz de mudar qualquer coisa?

Eu não quero que as pessoas fiquem comigo por pena ou por dever, por senso moral, por senso comum ou, ainda, por convencimento. Eu não quero, e eu absolutamente não preciso, dessa etapa na minha vida pública ou privada. Não quero ter de passar pelo vexame de ter de convencer alguém a ficar comigo, a conviver comigo e tudo o mais.


E agora fica o vazio, as lembranças. A saudade. A saudade que corrói e machuca, e eu só queria mais um abraço, mais um beijo, mais um olhar, mais um carinho, mais um minuto, mais uma hora, mais um dia, mais um mês, mais um ano, mais uma década, mais um século... Mais uma chance. Só isso. Eu sei que não é "só isso", porque pra mim seria grande coisa... E eu não posso pedir e, tampouco, exigir o comprometimento das pessoas comigo, com meus sentimentos, com os meus planos.

Tudo parece cinza e borrado, como se eu tivesse dentro de um vidro, uma redoma, presa, observando ou, quem sabe, só existindo. Isolada. Fria. Oca. Vazia. Asséptica. Antitérmica. Um rasgo invisível que divide o meu ser em dois pedaços. Ou mais, eu não saberia dizer.

Existem pessoas que nos abraçam tão forte que o nosso coração partido se une novamente. E existem pessoas que simplesmente não podem ser - e jamais serão - substituíveis, substituídas.