terça-feira, 20 de abril de 2010

Capítulo IX - Simples

E foi assim, nesta simplicidade, que nos tornamos "farinha do mesmo saco". Conversamos o dia todo, inclusive lembro de ter ligado para os meus pais, avisando que chegaria tarde. À época, ainda morava com minha família. Hoje, com meu suor, sustento um apartamento ligeiramente afastado do centro da cidade onde Andrew e eu costumamos colocar em prática nossa vida noturna.



As semelhanças vieram desde cedo. Primeiro o livro, segundo o café. Depois descobrimos filmes, músicas, conceitos, ideias. Fiquei satisfeita. Ele sempre foi um belo exemplar do sexo masculino. Nada de um sujeito resumido à músculos: Andrew tinha seus "trunfos", naqueles olhos amendoados, naqueles braços rijos, naquele caminhar certo, naquela postura altiva, sem parecer arrogante. Um meio termo gracioso, um misto de inteligência e beleza de que sempre fiz gosto.

Era comum aos feriados ficarmos juntos, assistindo vídeos, comendo alguma coisa que cozinhávamos. Nesses dias que não tínhamos compromissos, costumávamos subir num dos locais mais altos da cidade. De lá observávamos o pôr-do-sol. Não da forma convencional, lado a lado, mas de frente um para o outro, de modo que olhávamos o sol se pondo através de nossos próprios olhos. E ficávamos até a grande estrela sumir. Não nos importava o pôr-do-sol em si, nos contentávamos em observar apenas o reflexo no espelho de nossos olhos.

Eu frequentava sua casa e ele a minha. Uma linda amizade.

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