sábado, 11 de julho de 2020

whose side are we on?

A depressão e a ansiedade costumam brigar pela atenção completa do meu cérebro há muitos anos. Não sei quem clama com e sem razão pelo trono, mas a batalha é dolorida porque se passa dentro de mim.

A ansiedade me deixa germofóbica, ou qualquer que seja o termo que te dá fobia de germes. Tudo é sujo. Eu encosto em tudo. Portanto, eu também sou suja. Cheia de poeira e sujeira: pele morta, ácaros, bactérias. E eu faço parte disso: sou uma coisa nojenta ambulante e faço parte de um todo sujo, porque eu também sou suja.

A depressão, por outro lado, me deixa hermética. Eu olho as coisas, eu as admiro, então tento tocar. Mas eu nunca encosto. É um esforço tremendo para tocar algo belo e quando toco, nada acontece. A minha composição impede o contato com qualquer superfície. Eu sou repelente. Eu expulso as coisas para longe de mim.

Multiplicados sejam os dias em que eu não estou tão anormal.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

depressão

é como se a sua sombra pudesse me engolir
me arrastar
me arrasar
levar pra fora
me abolir

é um feitiço
que eu desconheço
um vento forte
gélido
e morno
leve, pois ninguém vê
pesado, pois eu carrego
triste e indolente
secando a minha nascente

às vezes, anestesia
mais vezes, covardia
sem sal e amargo
me destrói sem embargo

engole meu eu
furta a minha cor
despedaça o meu coração
transforma tudo em breu
retira o meu valor
e embota a emoção

quem dera a vida fosse eletiva
já que a vida depressiva
é uma mazela
sem tinta e sem cor sobre a tela