domingo, 4 de abril de 2010

Capítulo V - Sutil

Voltando ao assunto, soltei o braço de Andrew e corri até o banco da praça. Obviamente ele não me acompanhou de imediato. Não porque fosse lento. Aliás, o seu raciocínio rápido e sucinto me fascinava. Mas não. Ele se permitiu ficar para trás para, enfim, me observar com toda vontade que tinha.

Sim, ele era assim. Um sacana, eu diria. Mas é, eu gostava que ele fosse desse jeito, tímido e reservado, que me "espiasse" sem escancarar. Além de odiar calor, sol e verão, eu também não gostava de homens com comportamento incisivo.



Aliás, eu nunca gostei de coisas incisivas. Ser direto, ser objetivo, é diferente de ser incisivo. E homens com este comportamento sempre me causaram um certo tipo de aversão. Não um asco, mas algo menos poderoso. Enfim, uma aversão. Quer dizer, era algo que eu poderia entender se fizesse uso de 2 ou 3% de minha infindável paciência, mas particularmente eu preferia assumir que achava desagradável alguém com este tipo de atitude. É um aspecto inerente a minha personalidade.

Sou uma pessoa paciente... Passo dias preparando uma armadilha para determinada presa. Não me custa esperar. Não que eu fosse uma pessoa falsa ou dissimulada, mas sim, um alguém que sempre admirou as sutilezas. Até algumas vezes me mostrei um tanto observadora demais e, de qualquer forma, nunca deixei de ser sensível para perceber gestos sutis. E, não por acaso, as próprias sutilezas que tanto me fascinam, são os doces venenos que sorvo, quando das interações sociais.

A mesma tonalidade de uma sutil ação que me causava certa excitação, poderia conseguir me colocar em um estado de deplorável melancolia.

Nenhum comentário: