sexta-feira, 8 de abril de 2011

Da série: Epifanias no Trabalho

Desde criança eu fui uma pessoa que teve de fazer muitas escolhas. Sempre muito sensível, acabava por sentir demais as coisas que me cercavam, e por diversas vezes tive de escolher entre cair de cama, na mais pura solidão - acreditem-me, eu fui uma criança assim - ou, sorrir, aceitar que existem desigualdades e injustiças e lutar por elas. Conhecendo o próprio campo e o campo do inimigo, você pode desconbrir coisas interessantes. E, também, isto vai clarear a sua decisão quando você tiver de escolher entre se entregar à plena tristeza ou seguir em frente, dando às pessoas que te amam, no mínimo, a certeza de que você quer que as coisas aconteçam da melhor forma possível. Isso ajuda muito.

Quando criança eu queria ser "cientista". Eu não sabia o que isso queria dizer, mas eu queria explorar o corpo humano, o espaço sideral e o Planeta Terra, descobrir cura para doenças e a extinção da fome e também como se viajar através das Galáxias, descobrindo, enfim, se havia alguém "lá fora" (intimamente eu, de alguma forma, sabia que bastava procurar no lugar certo - eu sabia que havia). Além do que, aliás, eu também queria encontrar uma forma de implantar esse tipo de incentivo à educação, porque mais uma vez intimamente eu sabia que estava recebendo menos na escola do que eu, em tese, deveria receber. Sempre tive na cabeça que se vai à escola para estudar, mas como? Como, se eu, com essa mentalidade era taxada de "nerd" e "cdf"? E mais importante, será que era mesmo ruim ser "nerd" e "cdf", será que não haviam me condicionado a acreditar que aquilo era algo ruim, sendo que na verdade não era?

Em todo caso, aos quatorze eu decidi cursar Direito. "Pai, eu acho que é o que mais se encaixa com as coisas que eu quero", posso lembrar das minhas palavras como se fosse hoje, passados mais de cinco anos. Eu não tinha propriamente uma grande noção daquilo que eu estava dizendo no momento, mas muito em meu particular eu sabia que aquilo podia dar muito certo. Enquanto isso, eu havia percebido que, quando criança, eu queria na verdade ser Carl Sagan, uma espécie de físico-astrônomo-teórico-cantor (esse último é brincadeirinha), para encantar e inspirar gerações de pessoas que fossem justamente como eu e compreendessem o que ele diz.

Estudar, no fim das contas, sempre foi o meu grande sonho. Claro que para cuidar de todos os problemas que citei de quando era criança aos quais eu queria encontrar uma resposta, eu deveria fazer mais de uma graduação e obviamente ser mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Contudo, eu bem sei que abraçar o mundo com os próprios braços é um grande fardo, e se você deixar um pedacinho de lado as pessoas vão apontar e falar de você, pelas suas costas ou mesmo na frente. Aqui vai uma dica: nós sempre estamos precisando abraçar o mundo, mas nós nunca poderemos. E eu me dei conta disso muito cedo, muito mais cedo do que outras crianças e do que pessoas adultas, dentro do conceito padronizado de "maturidade segundo a idade que possui".

De outra banda, decidido o meu curso, foi algo que eu consegui, muito mais empírica e intuitivamente do que faticamente perceber que era algo que eu me daria muito bem. Como eu soube, como eu sei? Eu não sei, eu não soube; eu apenas quis. Notei que qualquer coisa que você quisesse fazer e fizesse com amor, dedicação e tesão, sim, tesão!, duplo sim, você seria capaz de fazer.

Não há grandes barreiras no mundo para as pessoas que querem fazer alguma coisa por si e, consequentemente, pelos outros. Você vai encontrar obstáculos, certamente, mas com um pouquinho de esforço e empenho eles serão derrubados, barreira após barreira. "Com a força de mil sóis" você será o guerreiro; não o guerreiro que o apresentador Pedro Bial costuma anunciar em programas como o Big Brother Brasil, onde você fica confinado três meses da sua vida, comendo, bebendo, malhando, falando mal dos outros pelas costas, tirando umas férias da sua vida e das suas contas, não, absolutamente não. Estou falando do tipo de guerreiro que deita de noite na cama e sente a mente tranquila, porque não passou a perna em ninguém e não quis se dar bem às custas dos outros. O guerreiro que deu duro o dia todo, e não estou excluindo o trabalho ou estudo disso, mas não apenas falando sobre esse tipo de função. Sobre tudo. A dona-de-casa que cuidou da organização do lar, o grande empresário, o servidor público, o gari, o ator, o estudante, não importa muito o compromisso, qualquer que seja ele, pois todos precisam ser feitos.

Em resumo, lutar. Levantar a cabeça e ter a certeza de que está fazendo a coisa certa, não sem antes pensar muito a respeito e refletir quais as consequências dos próprios atos. Assumir posturas, assumir responsabilidades - não ter medo de uma entrevista de emprego, de uma prova, de uma pessoa, de um relacionamento -, enfim, procurar fazer o melhor possível em todas as ocasiões, sem pisotear, diminuir ou aniquilar a liberdade e os direitos alheios.

Um comentário:

Nuwanda disse...

Waaa, vem dormi aqui em casa, agente faz sorvete com ovomaltine ^^