quarta-feira, 3 de junho de 2015

Disparaître

Não é de hoje que a vontade de sumir aparece. Eu não devia ter saído da terapia, eu devia ter aceitado os remédios. Mas a verdade é que viver com depressão e aceitá-la o suficiente pra começar a tomar medicamentos são coisas bem distintas.

Eu ando cansada, esgotada. Eu ando com a sensação de que estou me arrastando. Minha roupa pesa. Aí percebo que, mesmo sem vestes, eu continuo sendo vítima de uma gravidade diferente - porque minha pele é que está pesada. Nada é mais difícil do que conviver consigo mesmo, com seus próprios defeitos.

Assisti ontem o filme Mary & Max e na cena em que a menina vai se matar eu simplesmente desmoronei. O filme é de massinha de modelar filmado em stop-motion e isso não ajudou eu me sentir melhor. E ela estava de pé, em cima de uma mesa, com uma corda no pescoço, então ingeriu uma mão cheia de Valium e, pra mim, já era, ali acabou, eu quase pulei pra dentro da televisão, sufoquei um grito de "NÃO, NÃO FAÇA ISSO!", e ali eu percebi que eu não faria isso. E o pior, depois que passou o momento de tensão, eu fiquei mais decepcionada comigo por pensar que "é, eu não faria isso, não desse jeito".

Ando confusa. Ando impaciente. Ando com dificuldade em confiar. Ando achando que tá tudo muito errado e que as pessoas não fazem a menor questão de tornar qualquer coisa melhor. Ando andando tanto que percebo que tô na verdade estagnada, enfastiada, entediada, amargurada.

Eu ainda não sei o que eu vou fazer da minha vida ou com a minha vida, mas é algo que eu vou ter que decidir logo. O jeito, por ora, é erguer a cabeça e continuar.

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