quarta-feira, 7 de setembro de 2011

If you are reading this, then this warning is for you

Uma pontinha de inspiração surge em meio aos efeitos colaterais de um remédio bastante forte que você acaba de tomar a dose em dobro. Inspiração ou piração? Realidade ou delírio? Paixão ou perdição? Ou tudo isso ao mesmo tempo? Quem dirá?





Escutando música, trancada no quarto, sozinha. Não por opção, eu gostaria de companhia, uma em específico, mas acho que no momento vou ficar no aguardo. O ego não me deixa pensar em nada muito além de mim mesma, e que diabos sou “eu”?

Uma garota absolutamente normal, eu diria. Algumas qualidades interessantes. Um tanto quanto bonita, algumas idéias contagiantes e sem dúvida alguma profissional em dar nos nervos das pessoas à volta.

O que eu quero para a minha vida? Quem sou eu?

Chego a conclusões de formas tão distintas que me pergunto se não são elas no mínimo incoerentes ou precipitadas... São tantas vozes brigando para serem ouvidas dentro da minha cabeça, a vontade mesmo é ignorá-las por completo, mas o difícil é fingir que elas não estão ali realmente, pois elas estão e são fatos que me atormentam sem precedentes.

Eu não sei exatamente quem eu sou... Mas sei muito bem do que eu não gosto. E acho que eu só consigo dizer uma coisa que quero na minha vida: ser feliz.

Existe uma pessoa que eu gosto, mais até do que seria sensato. Queria fazer essa pessoa feliz. E queria ser feliz junto. Queria que nós dois pudéssemos ser felizes ao mesmo tempo, juntos; do contrário não faria muito sentido.

Tenho a impressão de que essa pessoa deu um significado para a minha vida... Um significado diferente, é como se eu tivesse um motivo de verdade para estar por aqui, viva. Eu falo em viver, e gosto da minha vida, mas é como se essa pessoa adicionasse as cores. Quer dizer, você pode assistir televisão preto-e-branco, mas não é melhor uma imagem colorida e FullHD? Você até escuta e compreende as notícias passadas naqueles chuviscos dos aparelhos televisores antigos, mas não é muito mais proveitoso quando você enxerga todos os mínimos detalhes e com cores brilhantes?

É como se eu tivesse acordado de um longo sonho ruim, e essa pessoa estivesse ao meu lado, velando o meu sono, cuidando para que os meus piores pesadelos não voltem a me atormentar.

Você precisa perder tudo o que tem para depois amar verdadeiramente aquilo que tem.

Você perde tudo. E então percebe o que te faz mais falta. Você perde tudo. E então se dá conta de que precisa daquela pessoa em especial ao seu lado. Porque ela dá o sentido que as coisas não tinham, porque ela te mostra a vida dela, e te ajuda a construir a tua.

Porque aquela pessoa especial te faz sentir vivo dentre os tantos cadáveres que te cercam. Porque ela te faz querer ser uma pessoa melhor, porque agora sim isso faz sentido.

Você se liberta dos seus medos, dos seus sonhos, das suas realizações, das suas ambições. Você perde tudo. Você não é o que você compra. Você não é o que você veste. Nem o que você come. Nem o que você bebe. Você não é quem você parece ser. Você ao menos é quem pensa que você é. Você é simplesmente você, e existe alguém no mundo para quem você se encaixa perfeitamente, mesmo com a sua mania irritante de usar a toalha de banho de forma setorizada. Porque, afinal de contas, sempre vai ter alguém que te entenda só de te olhar nos olhos, e que prefira morrer a ficar sem você.

Você se pergunta por que as coisas chegaram a tal ponto. Você não tomou as providências cabíveis para que elas continuassem boas. Você não ligou para o mal que você causou, você não cuidou de quem deveria ter cuidado, e agora você não sabe o que fazer com um coração quebrado que te deram.

Diante de tantas injustiças, qual lado você escolhe?

Diante de tantas desavenças, diante de todas as perdas, o que mais você vai deixar que lhe tomem? Quem tem o direito de fazer alguém infeliz?

Você é quem você escolhe ser. Suas escolhas dizem mais sobre você do que as coisas que você possui, porque num momento você compra um eletrodoméstico – no outro, você não vive sem ele: e então o processo se inverte. Você não possui coisas – as coisas possuem você. E você é um objeto. As outras pessoas te tratam como um número – você não é nada além de uma estatística. Está tão preocupado com o respeito pelos outros que não consegue mais respeitar a si próprio. Você se preocupa tanto com o que as pessoas dizem a seu respeito que, se te perguntarem quem você é, é mais fácil que você delegue a resposta para essa pergunta a outra pessoa, porque ela vai estar consideravelmente mais apta a te dizer quem você é, do que você mesmo.

Você se acostumou com pessoas enfiando o dedo no seu peito e te mandando fazer coisas. Você aprendeu a não fazer perguntas e a não exercitar a sua imaginação, aprendeu a fingir o prazer ao invés de buscá-lo verdadeiramente. Você aprendeu a satisfazer seus anseios menos urgentes em detrimento dos mais íntimos, porque os mais íntimos são considerados vorazes demais, e então você se acostuma a valorar mais quantidade do que qualidade, e você tem montes e mais montes de porcaria e nada do que realmente presta.

Escute-me. Não há nada que possa ser feito por você se você mesmo não souber o que te faz bem. Ninguém vai sentar ao seu lado e passar a mão na sua testa, tentando adivinhar o que você está pensando. Algumas pessoas possuem dons, outras não; e se você é um lixo, ninguém está preocupado. Você, eu e todos nós: nenhum tem um lugar no mundo marcado, separado, exclusivo. Você precisa buscar o que quer. Você precisa descobrir a si mesmo. Você precisa parar de pensar no outro como alguém superior ou inferior – você pode simplesmente viver a sua vida. Você pode simplesmente ser sincero consigo mesmo, estufar o peito e dizer com grande calma:

- Agora fodeu.

E seguir em frente, porque se você ficar parado alguém vai te atropelar, e vai passar por cima de toda a merda que você é, sem dó nem piedade. Vou te dizer uma coisa que você já sabe: o mundo não é só arco-íris e raios de sol. O mundo é cruel. A vida vai usar de todas as artimanhas e ardis para te pôr de joelhos. Se você permitir que isso aconteça, jamais vai ficar de pé, jamais vai conseguir encarar a si próprio. Vai continuar sendo esse monte de lixo do qual sempre reclamou.

Admita seus erros. Encontre as suas virtudes. Adapte-se às mudanças. Faça as mudanças se adaptarem com você. Aprenda a bater com força se a vida te oferecer uma face; mas no geral ela não oferece, porque o seu próprio rosto é que fica sempre a mostra, aguardando o próximo golpe. Você espera o golpe no rosto e recebe ele no estômago. Você espera a punhalada pelas costas e a recebe na cabeça. Lide com isso, seja forte – não se trata de quem bate mais forte, mas de quem agüenta por mais tempo.

You have been warned.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado... Muito obrigado.
Abracos, 100 Medo (mas pensativo).