Lilith mantivera, por todos os anos de sua vida, uma rotina relativamente organizada e sem grandes acontecimentos, como são as rotinas propriamente ditas. Desde criança tinha horário fixo para acordar, dormir, escovar os dentes, alimentar-se, brincar, estudar, executar tarefas de casa, tomar banho e tomar remédios. Sua saúde sempre fora algo muito sensível, e, em sua vida, de vigoroso mesmo só havia os cumprimentos de horários, de forma quase ou tão pior quanto uma religião xiita.
Cresceu sem grandes realizações em sua vida. Seu campo social – amigos, família, familiares – nunca foi tão grande ou interessante a ponto de despertar alguma coisa de diferente na garota. Sempre mostrou-se um pouco mais apática do que os jovens de sua época. Ela observava que, enquanto alguns concentravam-se em fazer o maior número de idiotices possíveis no período de sua existência conhecido como adolescência, e que outros simplesmente tentavam ser alguma coisa na vida além de um zero à esquerda. Procurava encaixar-se em algum dos dois grupos e percebeu que não obtivera sucesso algum em nenhuma das tentativas e chegou à conclusão de que a fadiga era tamanha, de modo que a impedia de preocupar-se com estas questões. O tédio era tão esplêndido em sua magnitude que ao menos sentia algum remorso ou ansiedade para com este tipo de sentimento.